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Ponte do Brooklyn

Vista da Ponte
Brown, D. J., Bridges, Mitchell Beazley, London, 1996.
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Localizada sobre o East River, em Nova York, a chamada ponte do Brooklyn uniu duas antigas
cidades rivais, Nova York, Manhattan, e Brooklyn, e acabou por formar a grande metrópole
americana, a cidade de Nova York.
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Projetada pelo imigrante alemão John Roebling, engenheiro e considerado um gênio
criativo, a ponte apresenta o ápice da construção de pontes pênseis, um sistema
estrutural antes utilizado em outras pontes como a ponte sobre o Estreito de Menai e que,
como próprio Roebling mencionou: "A construção de pontes suspensas é agora tão
bem entendida que nenhum construtor competente vai hesitar em recorre-la para vencer vãos
de 1500 pés ou mais...", já estava perfeitamente consolidado como sistema.
Sua construção levou 14 anos, sendo completada em 1883. Ela custou 15 milhões de dólares e cerca de 20 vidas, sendo
uma delas a de seu projetista, Roebling. Entre as duas torres, as quais atingem uma altura
de 84 m sobre o rio, existe um tabuleiro central que vence um vão de 486 m e entre
cada torre e cada margem, um vão de 283 metros.
A morte de John Roebling ocorreu no verão de 1869, devido à infecções originárias de
um trágico acidente no pier onde ele geralmente observava a obra da ponte. Neste
acidente, um barco chocou-se contra o pier, praticamente destruindo-o e fazendo com que
Roebling tivesse uma de suas pernas presas aos destroços, originando as infecções. |

Vista noturna da Ponte
Outerbrige, Graeme e Outerbridge David , Bridges, Harry N.
Abrams, Inc., Publishers, Nova Iorque, 1989. |
Após sua morte, seu filho, Washington Roebling, assumiu a
construção da ponte. Para construir os pilares de granito maciço foi utilizado um
método recentemente inventado na Europa, o método de caixões flutuantes pneumáticos.
Este método de caixões pneumáticos era baseado em escavações submerssas que ocorriam
dentro destes caixões possibilitando a construção de pilares e suas fundações sem
alterar o curso do rio. Esta escavação era realizada por operários que, através de
elevadores internos aos pilares, chegavam até os caixões e lá ficavam sob condições
normais graças a um mecanismo de injeção de ar comprimido que tornava a pressão de
dentro dos caixões maior que a externa, impedindo a entrada de água. |

Esquema do método de caixões pneumáticos
Salvadori, Mario. Why Buildings Stand Up. WW Norton &
Company, New York, 1990.
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Todo material escavado era retirado por elevadores também internos aos pilares e
assim a construção evoluia de cima para baixo, até que a profundidade almeijada fosse
alcançada. Porém esse processo exigia uma série de cuidados. Dentre eles o principal
era a necessidade de uma lenta descompressão que evitaria o acúmulo de bolhas de ar no
cérebro, o que causaria paralisias e curvamentos da coluna.
Além de muitos operários que tiveram este problema, Washington Roebling também sofreu
com uma rápidas descompressão. Seu organismo sofreu sérias consequências e uma
paralisia o impediu de continuar vistando a obra, papel este que acabou sendo assumido por
sua mulher Emily Roebling.
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O maciços rochosos nos quais os pilares seriam apoiados não se encontravam
bastante profundos, no lado de Brooklyn a 13,6 m de profundidade e no lado de Nova York a
23,8 m. Porém para afundar os dois caixões e assim apoiá-los em solo firme, muitas
dificuldades foram encontradas. No lado de Brooklyn, tinha-se uma densa camada de argila,
composta ainda por pedregulhos, a qual deveria ser removida. No início de 1870 os
progressos na remoção da camada e afundamento do grande caixão eram mínimos, cerca de
150 mm por semana e a única solução encontrada por Roebling foi usar explosivos, uma
solução bastante perigosa devido a confinação do lugar.
Embora o caixão
do lado do Brooklyn não tivesse afundado o bastante para que a pressão de ar em seu
interior se tornasse perigosa, devido a problemas psicológicos e físicos a situação no
interior do caixão se tornou um verdadeiro pesadelo. Em um domingo, quando nenhum
operário trabalhava no local, o pressão do ar causou uma grande explosão, enchendo de
água o grande caixão, o qual afundou muitos centímetros. O impacto foi extremamente
forte e causou sérios estragos na estrutura.
O caixão pilar do lado da ilha de Manhattan foi ainda mais difícil. As camadas a serem
vencidas eram ainda mais profundas e preenchidas com materiais mais difíceis de serem
cortados, como camadas de lixo e areias bastante argilosas. Com essas e outras
dificuldades vencidas, os caixões dos pilares foram preenchidos com concreto. |

Detalhe das ancoragens dos cabos e da passarela de
serviço no momento da construção da ponte
Brown, D. J., Bridges, Mitchell Beazley, London, 1996.
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Detalhe do esquema de colocação dos cabos
The Builders. Marvels of Engeneering.
National Geographic, Washington D.C., 1992
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Os quatro cabos principais de suspensão são compostos de fios de aço.
Aproximadamente 9750 km de fios de aço foram usadas no lugar do tradicional uso de cabos
feitos de ferro forjado. Para passar esses cabos pelo topo das torres, Roebling inventou
um aparelho com uma roldana, aparelho nunca antes usado por engenheiros de pontes até
então. Marinheiros acostumados com o trabalho em altos cordames de barcos à vela, estenderam
os cabos. Cada cabo completo tem aproximadamente 6,30 cm de diâmetro e contém 19 feixes
de fios. Cada feixe é composto por 278 fios de aço.
Para estender os cabos sobre os topos das torres, Roebling evitou o içamento de pesados
cabos, evitando sempre que possível a danificação da estrutura. Outra das inovações
de Roebling foi utilizar cabos inclinados desde o topo da torre até os vários pontos do
tabuleiro para dar-lhe maior rapidez quando solicitados por fortes ventos.
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Dessa
forma a ponte acabou por ser concluída, tornando-se a oitava maravilha do mundo. Por ela
passam nos dias de hoje 100.000 carros por dia, número o qual nunca foi imaginado pelos
seus projetistas e, por isso, acabou por ser adaptada em 1948. |

Figura da ponte no momento de sua inauguração
The Builders. Marvels of Engeneering.
National Geographic, Washington D.C., 1992
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Corte transversal da ponte antes e após sua
adaptação em 1948
Salvadori, Mario. Why Buildings Stand Up. WW Norton & Company,
New York, 1990. |
Além
da estrada, passavam por ela uma ferrovia e, o que se tornou uma paixão dos
novaiorquinos, uma passarela elevada, na qual se realizam caminhadas, corridas e
passeios de bicicleta. |
Ficha Técnica |
Nome |
Great
East River Bridge |
Sistema
Estrutural |
Híbrido
de Ponte pênsil e estaiada |
Função |
Ponte
Rodo-ferroviária |
Localização |
Sobre o
East River, ligando Manhattan ao Brooklyn, Nova York, Estados Unidos |
Época da
construção |
1864
-1883 |
Projeto |
John A.
Roebling |
Execução |
Washington
Roebling Emily Roebling |
Dimensões |
Vão
Central: 487 m |
Material |
Aço:
Cabos e tabuleiro Torres em alvenaria |
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